Projeto: PESSOA COM DEFICIÊNCIA EM AÇÃO
Autores
- André Tadeu Sugawara
- Maria Cristina Bazzo
- Viviane Duarte de Oliveira
- Carlos Cyrillo Cardoso de Almeida Filho
- Linamara Rizzo Battistella
Resumo
Atividade de extensão comunitária baseada em encontros mensais com pacientes, cuidadores, familiares e público interessado, para debater assuntos relacionados à participação e inclusão da pessoa com deficiência (PCD), na frequência de 1 vez ao mês nas dependências de locais terapêuticos ou públicos, visando mobilizar a PCD e seus pares em torno da AEDREHC (Associação para Educação, Esporte, Cultura e Profissionalização da Divisão de Reabilitação do Hospital das Clínicas) através da discussão e participação inclusivas.
Introdução
A deficiência é um conceito em evolução e resulta da interação entre a PCD e o ambiente onde vive, cheio de facilitadores e barreiras que afetam sua participação plena e efetiva em igualdade de oportunidades com as demais pessoas. Barreiras que podem ser físicas ou atitudinais, a primeira englobando os aspectos geográficos e urbanísticos, e a segunda o intangível e se classifica em cognitiva, afetiva ou comportamental.
A barreira atitudinal cognitiva diz respeito ao universo dos estereótipos, das generalizações, da inferiorização, ou rejeição da PCD e da deficiência em si. O tipo afetivo se vincula aos sentimentos provocados pela presença ou representação social da diferença. Enquanto o tipo comportamental retrata as predisposições para a ação discriminatória.
Enquanto as barreiras físicas são facilmente reconhecidas e apresentam tratamentos legais para normatização, implantação, fiscalização e correção. As barreiras atitudinais bairam o status invisível, se materializando em discursos discriminatórios, comportamentos e ações que obstaculizam a efetivação da inclusão e participação social da PCD.
E, para garantir às PCDS o mesmo direito à auto-realização como qualquer outra pessoa – respeitando seu ritmo, maneira e meios, de resolver problemas e encontrar soluções – o processo de aquisição de conhecimento com os pares e a vivência de situações participativas minimizar os entraves pessoais. (Leo Buscaglia)
PCDs também precisam do mundo e das outras pessoas para que possam se desenvolver e reabilitar. O aprendizado, base da reabilitação, não acontece apenas no ambiente controlado de um centro de reabilitação. O mundo é uma sala de aula, e todos são professores, não existindo experiências insignificantes. Possibilitar encontros de pares e partes interessadas em torno de discussões e vivências artísticas com comunicação verbal e não verbal gera conhecimento, aprendizagem, mobilização em prol de algo comum e bem estar.
A arte aglutina áreas científicas, técnicas e filosóficas, além da criação e inovação, revelando o significado e a representação das diversidade (LIMA, 2010). E mesmo acusada, em certos períodos, de negligenciar ou chacotizar a PCD, o acesso à arte não pode se distanciar do processo do desenvolvimento e conscientização das PCDs.
O museu, o teatro, o cinema, o lazer, o clube, o estádio, o ginásio esportivo, as salas de dança, música, a biblioteca e todas as casas e formatos do registro do conhecimento humano ampliam o saber acerca da própria identidade e inserção no mundo. Não pode, assim, estar inacessível às PCDs, nem por barreiras físicas, tampouco, pelas atitudinais. Para um Mundo inclusivo, os setores precisam se unir atuando como parceiros deste ativismo, ouvindo, conversando, para conhecer os interesses e as potencialidades, além de reconhecer talentos importantes para o desenvolvimento e prosperidade da sociedade como um todo.
Para a participação e inclusão, reabilitadores devem oferecer aos seus pacientes, dentro e fora dos centros, orientação ou oportunidades de experiências para aprofundar seu conhecimento e habilidades e estimular transformações na capacidade da sociedade em receber, entender, respeitar e atender às necessidades e peculiaridades de todos os seus membros, independentemente de diferenças sociais, econômicas, de gênero, origem (geográfica, étnica, linguística, religiosa, etc.) ou de quaisquer outras diferenças de aparência ou de deficiência sensorial, intelectual ou física.
Defender a igualdade na diferença e os direitos dos diferentes para garantir a igualdade de condições e oportunidades entre as pessoas, incluindo o direito ao acesso imediato ao espaço comum da vida comunitária são premissas deste projeto que busca construir a ponte entre o pós-centro de reabilitação e a vida comunitária, provocando mudanças civilizatórias e a aglutinação de forças e saberes numa organização historicamente envolvida nestes assuntos. Não se trata de uma atividade terapêutica, mas de uma oportunidade de participação e inclusão baseada no uso de equipamentos comunitários e discussões reflexivas para mudanças.
Reunir as forças em torno de uma associação para refletir sobre a inclusão e fomentar a formulação de discussões é um dos passos para garantir a participação das PCDs.
Objetivos
Empoderar as PCDs e seus pares para gerenciamento das barreiras que interferem na inclusão e participação social, por meio de discussões sobre a inclusão mobilizando pares e parte interessadas em torno da AEDREHC.
Metodologia
Mobilização dos pacientes ou ex-pacientes do IMREA e outras instituições e partes interessadas no assunto ( familiares, ativistas, sociedade em geral) para um encontro mensal em local terapêutico ou público (cinema, livraria, biblioteca, teatro, museu, ginásio esportivo), para que a partir da exposição social ligada ao entretenimento, haja oportunidade de reflexão e vivência da participação com temas pertinentes a inclusão social da PCD ligadas ao enfrentamento das barreiras físicas e atitudinais da comunidade em que vivem, buscando o protagonismo das PCDs e moderadas pelos coordenadores deste projeto.
Dentro do corpo de pacientes que frequentam o IMREA serão selecionadas personalidades de perfil agregador que farão o papel voluntário de agentes facilitadores, realizando o convite paras as partes interessadas a se inscrever e comparecer ao encontro, em local previamente definido.
As sessões serão mensais com duração de 2 horas, com interessados inscritos para o evento, por meio do site da AEDREHC ou lista física no Setor de Comunicação do IMREA. Comparecerão de forma livre e desimpedida, sob suas próprias custas ao evento. Haverá espaço e interação entre os convidados, seguido da entrada no recinto ou área específica, onde acontece a atividade, seguida da discussão. Ao final, todos deixam o local, com o convite de avaliarem a atividade e se filiarem à AEDREHC.
As atividades em espaços públicos serão gratuitas para os participantes, conforme parceria estabelecida entre o IMREA ou AEDREHC ( pelo setor de comunicação institucional) e o equipamento social que receberá o projeto. Atualmente, conseguimos parceria com a Cine-Caixa. O ponto de encontro será na porta da sede do evento e o transporte ficará a cargo dos participantes, sem custos ao IMREA. O encerramento também acontece na porta da sede do evento. Não havendo custeio de lanches, refeições, transporte ou ingressos.
Atividades de discussão temática serão fomentadas em um dos anfiteatros do IMREA, em data previamente agendada e divulgada à população, com apresentação e convite para participarem da AEDREHC, ao final.
Avaliação da atividade
Os participantes poderão avaliar a atividade quanto ao proposto e quanto a importância da mesma para o universo da PCD através de questionário padrão digital sem identificação.
Para aqueles que desejarem e se dispuserem voluntariamente, serão convidados a preencher digitalmente ou manualmente questionários internacionais padronizados e validados para a Língua Portuguesa do Brasil relativos à qualidade de vida, atitudes no primeiro mês que iniciam no grupo e depois anualmente:
- WHOQOL
- WHODAS
- ADS-D Escala de Atitudes Frente a Incapacidades para Pessoas com Incapacidades
Orçamento
item | valor | |
materiais de escritório | diversos | R$ 300,00 |
ingressos | parceria | R$ 0,00 |
refeições | não se aplica | R$ 0,00 |
transporte | não se aplica | R$ 0,00 |
total | R$ 300,00 |
Referências:
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 1988.
BRASIL. Lei de Acessibilidade (2000)
LIMA, Francisco José; TAVARES, Fabiana dos Santos Silva. Barreiras atitudinais: obstáculos à pessoa com deficiência na escola In SOUZA, Olga Solange Herval (org.). Itinerários da inclusão escolar: múltiplos olhares, saberes e práticas. Canoas: Ulbra; Porto Alegre: AGE. 2008.
LIMA et. al. Arte, educação e inclusão: orientações para áudio-descrição em museus.
LIMA, Francisco José de. Ética e inclusão: o status da diferença. In MARTINS, Lúcia de A. R. et. al. Inclusão – compartilhando saberes. 2ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2006.
LIMA, F. J. ; LIMA, R. A.F., GUEDES, L. C. Em Defesa da Áudio-descrição: contribuições da Convenção sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência. Vol 1. Revista Brasileira de Tradução Visual (RBTV) 2009.
ONU. Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (2006). Disponível em: Acesso em: 15/05/2010.
RESENDE, A.P. C.; VITAL, F.M;P. A Convenção sobre Direitos das Pessoas com Deficiência Comentada . Brasília : Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, 2008.
https://pt.surveymonkey.com/r/JW5MVLW
PCDsnasRuas/ hc.fm ats20129